Eliane Cantanhêde
Turbulência
BRASÍLIA - Ok, a Anac tem de cuidar dos interesses dos
passageiros e punir as empresas que passem dos limites. Logo, faz sentido
multar a Gol em R$ 2,5 milhões (até agora) por causa do caos do fim de semana. E
os feriados de Natal nem começaram, a Copa é só no ano que vem...
Mas... a culpa do caos aéreo não é de uma só companhia, nem
só das companhias. Sem falar nas condições meteorológicas, a culpa é também do
governo, da infraestrutura, da falta de investimentos.
Como toda hora sobem e descem aviões no Alasca, já no círculo
polar, debaixo de neve, e basta chover forte para pousos e decolagens serem
interrompidos nos principais centros brasileiros? Porque faltam condições,
tecnologia, equipamentos.
E o caos dos aeroportos ilustra a própria situação do setor
aéreo, provocando uma nova comparação constrangedora para o país.
Como é que Cingapura e Dubai, por exemplo, têm as melhores
companhias aéreas e os melhores aeroportos do mundo, com índices invejáveis de
turismo, enquanto o Brasil enterra uma empresa atrás da outra, não consegue ter
ao menos um aeroporto entre os cem primeiros mundiais e não atrai turistas?
Sem contar a velha Panair e várias pequenas, que nem dá para
citar, o cemitério do setor inclui Vasp, Transbrasil e Varig (não venham me
dizer que está viva, por favor...).
O país, que já teve quase 20 companhias, hoje tem muito
menos e depende de Tam, Gol, Avianca e Azul, todas com desempenho financeiro
mais ou menos --ou mais para menos--, apesar das seguidas promoções e dos aviões
lotados. É o custo Brasil! Entre outros...
O mercado quer é retorno e é por isso que, independente das
limitações da lei, ninguém quer investir na aviação aqui. Na Latam, grosso
modo, a Tam tem frota e faturamento muito maiores, mas as ações da Lan valem
mais. E como é que o Brasil quer ser tudo o que diz, ou pensa que é, sem marca(s)
aérea(s) forte(s)?
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