11
de dezembro de 2013 | N° 17641
CASO
VARIG
Ação no STF pode beneficiar
ex-funcionários com R$ 7 bi
Valor
seria usado para cobrir parte da dívida trabalhista e recompor Aerus
O
Supremo Tribunal Federal (STF) poderá julgar, hoje, uma ação que renderia entre
R$ 4 bilhões e R$ 7 bilhões em favor da Varig, que faliu em 2006. Cerca de 10
mil ex-funcionários da companhia aérea esperam que o dinheiro – se o julgamento
for favorável – seja destinado ao pagamento de indenizações trabalhistas e ao
Aerus, o fundo de previdência.
O
julgamento vem sendo adiado desde 2007 – na última postergação, em 9 de maio, o
próprio presidente do STF, Joaquim Barbosa, pediu vista do processo. Trata-se
do último recurso da União contra a ação de defasagem tarifária movida pela
Varig há 20 anos, devido a perdas causadas pelo congelamento de preços entre
1985 e 1995. Uma das causas da crise da empresa foi o bilhete aéreo abaixo do preço
dos custos operacionais.
Representantes
de ex-funcionários da Varig foram a Brasília para acompanhar o julgamento.
Membro da Comissão dos Aposentados Aerus no Estado, Carlos Henke diz esperar
que seja cumprida a lei, caso o STF determine que o governo federal pague a
defasagem das tarifas. Nas situações de liquidação judicial de uma empresa, os
primeiros a receber são os trabalhadores.
– Os
funcionários demitidos ainda não receberam as indenizações trabalhistas –
destaca Henke. Fundo fez o último pagamento no dia 3
A
segunda prioridade seria recompor o fundo Aerus, que fez o último pagamento no
dia 3, por não dispor de mais recursos. Pilotos estavam recebendo em torno de
R$ 800 mensais, mas haviam contribuído com a promessa de ganhar perto de R$ 10
mil. Havia pensionistas percebendo menos de R$ 100 por mês.
Na
tentativa de sensibilizar os ministros do STF, veteranos da Varig e da
Transbrasil protestaram ontem em aeroportos do país. No Santos Dumont, no Rio
de Janeiro, exigiram o pagamento das indenizações e das aposentadorias. Numa
cena comovente, fizeram um minuto de silêncio pelos idosos que já morreram
enquanto aguardavam pela regularização de seus direitos.
Não
existem garantias de que o STF consiga julgar hoje, em função de outros
processos na pauta. Henke lembra que, na sessão de maio passado, a ministra
Cármen Lúcia, relatora do processo na Corte, deu voto favorável à Varig. Mas o
presidente Joaquim Barbosa pediu vista, o que pode ocorrer novamente hoje por
parte de outro ministro.
Mesmo
que o Supremo se pronuncie, o pagamento não será imediato. O governo federal
pode alegar não ter os recursos em caixa. Uma das estratégias é pedir tempo
para incluir a dívida em futuros orçamentos.
nilson.mariano@zerohora.com.br
ROMBOS
A COBRIR
Se o
julgamento do Supremo for favorável, os ex-funcionários da Varig têm
expectativa de que o dinheiro seja repartido na seguinte ordem de preferência,
como prevê o rito desse tipo de ação
1
Dívida trabalhista: cerca de 10 mil ex-funcionários (dos quais 2,5 mil no
Estado) aguardam, desde 2006, o pagamento de indenizações que podem chegar a R$
1,5 bilhão. Como a Varig está em recuperação judicial, cada funcionário pode
receber no máximo 150 salários mínimos (R$ 101,7 mil).
2
Previdência privada: a segunda prioridade é o Aerus, que realizou o último
pagamento a aposentados e pensionistas neste mês. O rombo no fundo é estimado
em R$ 6 bilhões.
3
Outros credores: os últimos a receber. A dívida precisa ser calculada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário