
11 DE OUTUBRO DE 2021
EM DIA
O QUE A GENTE FAZ COM A VIDA
Há poucos dias, em palestra para jovens profissionais, me vi sair da pauta e enveredar por "escolhas de vida". Talvez isso tenha vindo porque me tornei avô do Antonio e do Benjamin, que nasceram longe daqui. Ao nascer, somos uma página em branco. As experiências que os pais e a vida nos proporcionam vão moldando o que somos. Mais adiante, nossas escolhas nos levam ao que nos tornaremos.
Cada viagem, cada parceira/o, cada projeto fornece o combustível para novos passos. Somos os principais responsáveis por aquilo que fazemos. Acidentes acontecem. A vida pode nos dar tombos terríveis, deixando marcas e cicatrizes. Também podemos nos tornar mais sábios. A cada erro, um aprendizado. A cada experiência, uma re- inauguração de nós mesmos. O confinamento da pandemia deu a oportunidade de nos repensarmos. Escolher o que é essencial. Não abrir mão dos nossos desejos. Ter coragem para gestos mais ousados e novas escolhas.
Muita gente passa pela nossa vida. Umas nos ensinam a não ser como elas. Outras espalham luz em nosso caminho. Precisamos escolher. Boas ideias não combinam com um cotidiano medíocre. É incrível como algumas pessoas e relações tornam-se sem graça, sem prazer e assim seguem. Mesmo que viajem pelo mundo, olhos viciados voltam sem nada para contar. Parece até que nada viram. Não existe fórmula para olhar com novos olhos. Podemos desfrutar o melhor em lugares e situações simples. Basta estar em boa companhia, ler autores com olhares diferentes, circular por caminhos instigantes.
Um amigo me lembrou de Viagem ao Mundo ao Redor do meu Quarto (1795), do escritor francês Xavier de Maistre. Condenado a ficar 42 dias em um pequeno quarto, ele transformou a situação em experiência. Assim como ele, Cervantes, Gramsci e outros produziram grandes obras no cárcere. Podemos ser um Luciano Hang e envenenar nossa imaginação. Ou desdobrar horizontes, como Eliane Brum. "Sem invenção a vida fica sem graça", diz um dos personagens de um livro dela. Mais adiante sugere: "Por mais que você escolha não viver, a vida te agarra em alguma esquina.
O melhor é logo se lambuzar nela, enfiar o pé na jaca (...) Se quiser um conselho, vá. Vá com medo, apesar do medo. Se atire. (...) faça um favor a si mesmo: peque sempre pelo excesso (...) Olhar para você mesmo é uma escolha. Um exercício de liberdade, da autodeterminação, do livre-arbítrio. Seja generoso. Arrisque. Ouse. Olhe". A cada dia, procuro refinar meu olhar, estar mais perto dos meus amores, ir a lugares dos meus desejos, acompanhado de quem me inspira, cercado de livros, filmes e conversas que me impulsionem. Escolhas. Mais uma vez!
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