sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Jaime Cimenti

Sexo, mistério, morte e História

O livro dos prazeres proibidos está sendo considerado a incursão mais audaz do consagrado escritor e psicanalista argentino Federico Andahazi pelo relato erótico. Ele é autor do romance O anatomista, best-seller mundial traduzido em mais de 30 idiomas, e de romances como As piedosas, envolvendo temas históricos, mistérios e erotismo.

O protagonista de O livro dos prazeres proibidos é ninguém menos do que Johannes Gutenberg, conhecido como o inventor da prensa. O autor reconstrói impecavelmente cenários medievais e transporta os leitores para diversas cidades europeias do século XV, como Mainz, onde as ações começam. Gutenberg está sendo acusado de comercializar livros clandestinos, de roubar e praticar bruxaria e satanismo juntamente com seus parceiros comerciais, Johann Fust e Petrus Schöffer.

Encarregado das acusações, Sigfrido de Mogúncia, considerado o maior copista de seu tempo, tem um interesse especial no caso, já que a Bíblia que os réus copiaram, prova irrefutável do caso, é fruto de seu trabalho. Ao mesmo tempo em que se desenrola o processo contra Gutenberg, o terror se espalha pela cidade, em especial no Mosteiro da Sagrada Canastra, um bordel de luxo às margens do rio Reno cujas prostitutas são adeptas das práticas dos “prazeres proibidos”.

Um assassino anda à solta e suas vítimas são sempre as prostitutas do bordel, que são mortas com brutalidade e têm as peles meticulosamente arrancadas. O burburinho comum do local dá lugar ao silêncio e os homens da cidade, acostumados a visitar as “adoradoras da Sagrada Canastra” e a praticar rituais bem peculiares, estão bem quietinhos, trancafiados em suas casas, assim como as meninas de programa.

Que relação haveria entre os crimes horríveis e o inventor da prensa? Um documento guardado por Ulva, a mais antiga das profissionais do Mosteiro, parece conter a resposta. O thriller histórico de Andahazi mistura com perfeição intriga, suspense, erotismo, sensualidade e História. O caráter complexo e fascinante do protagonista, revelado desde a infância, a reinvenção da história da prensa e as alegações de que os livros de Gutenberg eram fruto de um pacto com o demônio, além de fatos nunca antes relatados, dão ao romance intensidade e interesse especiais à narrativa. Gutenberg foi um grande falsificador de livros, um vigarista perspicaz?

Quem era o assassino? Bertrand Brasil, 294 páginas, R$ 30,00, tradução de Luís Carlos Cabral, mdireto@record.com.br

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