sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Jaime Cimenti

História íntima e dramática de uma jovem intrépida

A casa do céu, da ativista e jornalista Amanda Lindhout e da jornalista Sara Corbett narra, em síntese, a história íntima e dramática de Amanda, uma jovem intrépida que sobreviveu a um sequestro de 460 dias enclausurada pela milícia somaliana e como foi seu renascer após o pagamento do resgate.

O livro foi lançado em setembro na América do Norte e já é sucesso de crítica e de público nos Estados Unidos e no Canadá, sua terra natal. Amanda é fundadora da Global Enrichment Foundation, uma organização sem fins lucrativos que apoia iniciativas para o desenvolvimento, educação e ajuda humanitária na Somália e no Quênia. Trabalhando como garçonete, ela economizou o dinheiro das gorjetas e viajou como mochileira pela América Latina, Laos, Bangladesh e Índia, além de outros países distantes.

Em países castigados pela guerra, como o Afeganistão e o Iraque, ela iniciou uma carreira como repórter de televisão e, em 2008, na Somália, “o país mais perigoso do mundo”, foi sequestrada em uma estrada de terra por um bando de homens mascarados. Amanda foi mantida em cativeiro por 460 dias, converteu-se ao islamismo como tática de sobrevivência, recebeu lições sobre “como ser uma boa esposa” e arriscou-se em uma fuga ousada.

Fugir ou morrer pareciam as únicas alternativas para se livrar da dor, do medo e da humilhação. Ela viveu o pior lado da guerra civil e a obra fala de opressão, esperança e, sobretudo, perdão. O relato pungente de Amanda mostra coragem, resiliência, beleza, e mostra a capacidade do ser humano em cometer crueldades, bem como a tenacidade e a compaixão que existe em todos nós.

Amanda ocupou uma série de casas abandonadas no meio do deserto e sobreviveu através de suas lembranças, enquanto se lembrava do mundo em que viveu antes do cativeiro, arquitetava estratégias, criando forças e esperanças. Nos momentos de maior desespero, ela visitava uma casa no céu, muito acima da mulher aprisionada com correntes, no escuro e que sofria com as torturas que lhe eram impostas.

 Escrito como se fosse um romance, o livro mostra a jornada única de Amanda, uma jovem cuja curiosidade a levou até os lugares mais bonitos e remotos do mundo, seus países mais instáveis e tenebrosos. Ela mostra, acima de tudo, que, mesmo no coração das trevas, é possível manter a luz interior e o espírito do perdão.


Editora Novo Conceito, 446 páginas, www.editoranovoconceito.com.br.

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