Mentiras
A mentira — filha da alienação e do sonho, cresce como vício e aprimora-se pelas necessidades mal resolvidas do cotidiano. O mentiroso contumaz chega a ser um ingênuo reincidente. Na verdade, mentir para quem? Por que essa necessidade de inventar mentiras inúteis que se obrigam sucessivas, quando se poderiam criar verdades interessantes?
O mentiroso confia na desatenção do ouvinte, na falta de perspicácia, na pouca memória e pobreza perceptiva do interlocutor. Se o ouvinte é medianamente atento, perceberá logo a fraude armada cujos sinais reveladores São: tremor na voz e na ponta do nariz, olhar vago, visível mal-estar e o desconforto inseguro das conclusões.
Na maior parte das vezes, quando o ouvinte é, cala-se piedosamente, mas sabe que passou a ouvir outra pessoa que, já transfigurada pela auto-agressão da sua mentira, começa a esconder-se em argumentos paralelos que só fazem agravar a situação constrangedora.(grifei)
A mentira é um perigo porque se transforma numa forma de vício gerador de outras formas subsidiárias como: plágio, fraude, estelionato, calúnia, falso- testemunho, infâmia e outras ainda mais graves, que não nos cabe citar aqui.
Ela, por mais elaborada que seja, não se mantém; será sempre falha e descoberta, por isso, o povo afirma — “a mentira tem pernas curtas”. Mais cedo ou mais tarde, será surpreendida pela verdade que obrigará o infeliz autor a repetir a dose, prolongando sua área de ação nas mentiras-apoio, estratagemas ingênuos presos a um círculo vicioso interminável.
O ciclo da mentira é autogerador mas, ao mesmo tempo, autofágico.
Recebido da Tânia Lyra
"A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer.”
Mário Quintana
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