15 de maio de 2008
N° 15602 - Leticia Wierzchowski
Os poloneses e o Rio Grande
Em virtude de uma pesquisa, naveguei por alguns sites em busca de números a respeito da imensa leva de imigrantes que ajudaram a construir o nosso Estado, dotando-o de características tão peculiares e distintas - afinal, o Rio Grande do Sul é um cadinho de raças e heranças que dá gosto de se ver, e esse amálgama genético formou uma gente com aparência européia, que inclusive tornou nossa terra famosa pela beleza das suas mulheres.
Enfim, qual não foi o meu espanto ao não encontrar quaisquer referências aos poloneses no site do RS Virtual.
Ao enumerar os imigrantes que vieram colonizar o Rio Grande, o RS Virtual linka alemães, espanhóis, italianos, japoneses, judeus, negros e portugueses, oferecendo um completo panorama de toda essa gente, suas mazelas, vitórias e culturas. Não há, porém, nem uma palavra sequer sobre a saga da gente polonesa - lapso, infelizmente, muito comum em publicações sobre o assunto.
Ora essa, para quem não sabe, os poloneses foram o terceiro maior grupo migratório a se estabelecer nas terras do Rio Grande do Sul. A partir de 1891, começaram a dar as caras por aqui, assentando-se em núcleos coloniais criados pelo governo.
Sucede, porém, que do ano de 1795 até o final da I Guerra Mundial, a Polônia teve suas terras divididas entre a Rússia, a Áustria e a Prússia, e os imigrantes chegados aqui nesse período, embora falassem a língua polonesa e se reconhecessem como tais, foram registrados como sendo russos, austríacos ou prussianos, o que gerou grande confusão.
Porém, a partir de 1920, a Polônia - uma das nações mais antigas da Europa - teve suas fronteiras finalmente restauradas.
Viveu então alguns anos de pretensa estabilidade, até a terrível invasão alemã de 1º de setembro de 1939, que desencadeou a Segunda Guerra Mundial, e mais outros tempos horríveis vieram para a gente polonesa.
Apesar dos pesares, os polacos continuaram chegando ao Brasil em grandes levas até os idos de 1930, e muitos outros vieram após o fim da II Guerra. Formam no Estado uma comunidade extensa - dezenas de cidades prósperas são habitadas por cidadãos gaúchos cujas raízes são polonesas.
Sendo assim, essa memória, além de preservada, merece ser louvada por todos nós: vamos dar aos imigrantes poloneses o crédito que lhes é devido. Vamos conhecê-los melhor, e vamos contá-los melhor também.
Aliás, fica aqui uma dica: quem nunca comeu pierogi, aqueles pastéizinhos poloneses feitos com batata e requeijão, não sabe o que está perdendo!
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